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Uma Noite em Casablanca | Estados Unidos | 1946 | Archie Mayo

Atualizado: 16 de abr. de 2020

"Uma Noite em Casablanca"(Estados Unidos, 1946), considerada a melhor comédia dos irmãos Marx, teve direção do americano Archie Mayo, um cineasta que veio do cinema silencioso. Inicialmente concebido como uma paródia direta do clássico "Casablanca", o roteiro acabou sendo transformado em uma história mais original. "Uma Noite em Casablanca" foi realizado 5 anos após os irmãos Marx terem anunciado o fim da carreira no cinema. "Uma Noite em Casablanca", na definição do blog A Janela Encantada, é uma "excelente comédia, onde momentos como o fazer e desfazer das malas, o duelo de esgrima de Harpo, bem como algumas das réplicas de Groucho, se juntam às melhores cenas dos Marx". Leia abaixo o texto completo.





Análise:

Em 1941, os Irmãos Marx haviam anunciado o fim da sua carreira no cinema, mas em 1946 voltavam com “Uma Noite em Casablanca”. Consta que problemas financeiros de Chico terão levado os irmãos a juntar-se para este filme. Desta vez, chegando como outsiders, os Marx optaram por produzir eles próprios o filme, sob o nome de Loma Vista Productions, para uma distribuição da United Artists.

Como realizador foi escolhido Archie Mayo (que se retiraria nesse mesmo ano), um realizador que, embora com longa carreira e várias comédias realizadas, contava com poucos filmes de destaque. O argumento coube a Joseph Fields e Roland Kibbee e, lembrando os tempos de sucesso na MGM, os Marx optaram por experimentar vários dos números em digressão, para testarem o público, e os refinarem.

Inicialmente pensado como um spoof do enorme sucesso da Warner Bros, “Casablanca” (Casablanca, 1942), realizado por Michael Curtiz, “Uma Noite em Casablanca” evoluiu para uma história autónoma que, embora mantendo pontos de contacto com o filme de Curtiz, segue o seu próprio caminho.

Assim, no Hotel Casablanca, logo após o final da guerra, encontra-se o nazi Heinrich Stubel (Sig Ruman), ali conhecido como Conde Pfferman, que vai matando gerente após gerente, para conseguir ele próprio o lugar. É que apenas ele sabe que no hotel se encontra escondido um tesouro de guerra, e fará tudo para o recuperar. O novo gerente é o incompetente Ronald Kornblow (Groucho Marx), que vai escapando aos golpes de Stubel e seus agentes, em particular a mulher fatal Beatrice ‘Bea’ Reiner (Lisette Verea), que o tenta envolver num crime passional provocado por si. Ao lado de Kornblow vão ficar o taxista Corbaccio (Chico Marx), que logo se nomeia seu guarda-costas, e o maltratado empregado de Stubel, Rusty (Harpo Marx). Com eles estará o soldado Pierre (Charles Drake), a única pessoa a acreditar haver um tesouro algures, e a sua namorada Annette (Lois Collier).

Mantendo-se fiéis às suas personas da tela, os Marx davam agora uma maior liberdade ao argumento, que passa por uma divertida história de espionagem, sem prisões a clichés antigos. Desta vez o par romântico é apenas um catalisador para a identificação do tesouro, sem ter protagonismo ou canções. Mantem-se a cena de sedução de uma mulher fatal a Groucho, os diálogos de mímica de Harpo e Chico, e as tradicionais cenas de harpa e piano destes dois irmãos. Mas com um argumento conciso, e diálogos bem conseguidos, “Uma Noite em Casablanca”, mesmo sem a exuberância e a criatividade de outros filmes anteriores, resulta numa excelente comédia, onde momentos como o fazer e desfazer das malas, o duelo de esgrima de Harpo, bem como algumas das réplicas de Groucho, se juntam às melhores cenas dos Marx.

“Uma Noite em Casablanca” ficou ainda ligado a várias anedotas, sendo a mais famosa a da pretensa ameaça da MGM sobre o uso da palavra Casablanca. De facto, ao que parece, a Warner Bros apenas terá sondado para ver até onde o filme infringiria direitos de autor. Mas usando do seu humor corrosivo e da sua argúcia para tornar o incidente num golpe publicitário, Groucho fez questão de divulgar uma resposta em que, segundo o próprio, teria dito a Jack Warner que se a Warner os processasse, ele processaria a Warner Bros, pois antes de serem profissionalmente irmãos (Brothers) já os Marx o eram. Ainda assim a frase “Round up the usual suspects”, usada logo no início do filme, foi mudada para “Round up all likely suspects” para evitar problemas.

Mostrando que o tempo não perdoa a quem se ausenta, “Uma Noite em Casablanca” passou despercebido do grande público. É, no entanto, geralmente considerado um dos melhores filmes dos Marx, da fase final da sua carreira.


Produção:

Título original: A Night in Casablanca; Produção: Loma Vista Productions; País: EUA; Ano: 1946; Duração: 81 minutos; Distribuição: United Artists; Estreia: 16 de Maio de 1946 (EUA), 14 de Março de 1947.

Equipe técnica:

Realização: Archie Mayo; Produção: David L. Loew; Argumento: Joseph Fields, Roland Kibbee; Música: Werner Janssen; Director de Produção: Joe C. Gilpin; Fotografia: James Van Trees [preto e branco]; Design de Produção: Duncan Cramer; Montagem: Gregg C. Tallas; Cenários: Edward G. Boyle; Caracterização: Otis Malcolm; Efeitos Especiais: Harry Redmond Jr.

Elenco:

Groucho Marx (Ronald Kornblow), Harpo Marx (Rusty), Chico Marx (Corbaccio), Charles Drake (Tenente Pierre Delmar), Lois Collier (Annette), Lisette Verea (Beatrice ‘Bea’ Reiner), Sig Ruman (Pfferman), Lewis L. Russell (Governador), Dan Seymour (Prefeito da Polícia, Capitão Brizzard), Frederick Giermann (Kurt), Harro Mellor (Emile), David Hoffman (Espião), Paul Harvey (Mr. Smythe). https://ajanelaencantada.wordpress.com/2015/02/14/uma-noite-em-casablanca-1946/lanca, 1946

Para assistir ao filme, clique no link abaixo: https://www.belasartesalacarte.com.br/uma-noite-em-casablanca

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