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Tampopo: Os Brutos Também Comem Spaghetti | Juzo Itami | Japão | 1985 |

“Tampopo: Os Brutos Também Comem Spaghetti”(Japão, 1985), de Juzo Itami, é uma comédia de dar água na boca, uma mistura de culinária e romance, com cenas bem apimentadas, um filme que também pode ser visto como uma bela homenagem ao Cinema, especialmente ao gênero western. No ótimo texto de Maisa Kawata (Spiritus Mundi), ela já começa avisando que este é o tipo de filme que pode despertar muito o seu apetite! Veja o que mais ela diz: “É através da comida que as pessoas se conectam e se permitem momentos de amor, harmonia e até de sensualidade. A comida traz sensações intensas e é capaz de fazer uma pessoa se entregar plenamente a um pequeno instante”. Confira abaixo a publicação completa.

Os brutos também comem espaguete


Já teve oportunidade de assistir a um filme que, depois, seu único desejo é devorar um belo prato de comida? Pois foi exatamente isso que aconteceu comigo após assistir à comédia japonesa Tampopo – os brutos também comem espaguete (dir. Jûzô Itami, 1985).

Fazendo uma ode à comida e aos prazeres que a acompanham, Tampopo tem como história principal a busca de uma dona de um restaurante (Tampopo) pelo lámen perfeito. A ela se juntam pessoas que, ao redor da comida, percorrem diversos lamen-ya (restaurante especializado em lámen), provam e testam receitas até alcançar o grande objetivo: o macarrão que, de tão saboroso, é sorvido até a última gota.

A primeira cena do filme é um discípulo perguntando ao mestre qual a maneira adequada de comer lámen, e este responde:

Primeiro observe a tigela inteira. Aprecie a harmonia do conjunto do lámen. Aspire e sinta o aroma. Joias de gordura brilhante resplandecendo na superfície. Raízes brilhantes de shinachiku [bambu], algas afundando lentamente, as cebolinhas flutuando… Concentre-se nas três fatias de porco, elas desempenham o papel principal, mas permanecem modestamente ocultas…

E, após o comentário, toca delicadamente a comida para, logo depois, ter o primeiro contato com a boca.

Com essa cena, o diretor Jûzô Itami dá o tom não apenas para a história principal como para os esquetes que permeiam o filme: a comida é mostrada em todo seu significado e sua sensualidade. É pelo alimento que se dá o cuidado e o carinho para com o outro, é possível entender a importância de observar o que se está comendo, sentir as texturas com as mãos e a boca, e se entregar ao prazer de comer.

É através da comida que as pessoas se conectam e se permitem momentos de amor, harmonia e até de sensualidade. A comida traz sensações intensas e é capaz de fazer uma pessoa se entregar plenamente a um pequeno instante.

Como tantos estímulos, Tampopo despertará seus instintos, aguçará sua fome e, provavelmente, fará você sair, senão à procura do lámen perfeito, pelo menos por um que, momentaneamente, seja capaz de aplacar e seduzir seu paladar.

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