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Quando Chega a Escuridão | Kathryn Bigelow | EUA | 1987

Dirigido por Kathryn Bigelow, a primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção, "Quando Chega a Escuridão" (EUA, 1987) talvez seja o filme de vampiros mais original já feito. Em suas falas, a palavra "vampiro" sequer é pronunciada. Segundo a ótima análise publicada no blog Palavras de Cinema, "a grandeza da obra está na maneira como a diretora faz o público trafegar entre lados – entre luz e escuridão – sem que seja fácil amar ou odiar qualquer um deles" (leia mais abaixo o texto completo). Na história, o jovem Caleb conhece uma bela garota, Mae, e acaba sendo mordido por ela. E o que acontece depois? Ele é transformado em vampiro, claro! Depois disso, Caleb descobre que Mae faz parte de um grupo de vampiros que vagam por aí atacando caroneiros e aterrorizando bares de beira de estrada nos Estados Unidos. Forçado a seguir com o bando, Caleb se apaixona cada vez mais pela bela vamp, enquanto seu pai procura desesperadamente por ele. Não deixe de conferir esta joia realizada pela americana Kathryn Bigelow, uma mulher que entrou para a História quando levou o Oscar de direção pelo ótimo "Guerra ao Terror", na mesma premiação em que seu ex-marido, James Cameron, também disputava nesta categoria por "Avatar".


Quando Chega a Escuridão, de Kathryn Bigelow


Os vampiros de Quando Chega a Escuridão, de Kathryn Bigelow, não possuem dentes pontudos, não se assustam com alho, tampouco morrem com estacas no coração. Não há cruzes nesse filme original e violento. Eles sequer são chamados de vampiro.

À primeira vista, parece um faroeste com toques futuristas, de seres imundos cujo único objetivo é procurar por vítimas, por sangue. Do lado oposto ao caos está a imagem da ordem: a família do protagonista, o rapaz que termina mordido.

Bigelow investe em um clima sombrio, com sequências feitas na aurora ou no crepúsculo, como se o sol representasse sempre perigo – aos vampiros e humanos. A certa altura, o espectador começa a torcer pela noite, chega a acreditar em sua beleza.

A noite é sempre excitante: é sob seus efeitos que a garota vampira deixa o rapaz sugar o sangue de seu braço, enquanto, ao fundo, vê-se a grande estaca de extração de petróleo, que remete ao sexo. A noite deixa esses seres à deriva, esconde as famílias, tem caminhoneiros piadistas e moças dispostas a se aventurar.

O protagonista é Caleb (Adrian Pasdar), jovem caubói que se encanta, certa noite e ao acaso, pela bela Mae (Jenny Wright). De rosto branco como a neve, estranha e distante, ela ainda assim deixa se aproximar. Após a fuga de seu cavalo assustado, o rapaz laça a garota. Ambos terminam à estrada, perto do amanhecer, aos beijos.

Ela morde o rapaz, foge. O resto poderia ser fácil de prever, mas o filme de Bigelow provoca alguns choques e deixa dúvidas: os vampiros são malvados e, por outro lado, nada podem fazer senão conviver com seus instintos: para viver, não há outro caminho senão o da matança, noite após noite, incessantemente.

São, ao que parece, uma gangue, ou mesmo uma família. O fato de terem esquecido como é viver sob a luz do sol indica o oposto: são feitos do material contrário à ordem, com sua luz e crianças ingênuas, com seus homens honestos.

Os vampiros de Bigelow são marginais: antes de liberarem o instinto, brincam, deixam evidente a diversão. Mostram autoridade contra os humanos e são únicos: durante o filme, não falam de outros vampiros, como se tal universo fosse limitado às suas próprias formas. Dão de ombros aos sinais de humanismo, encarnam o terror.

Ainda assim, o estranho flerte com o real – mesmo metafórico – emite o que a obra tem de mais forte, além de buscar signos de gêneros consagrados. O jovem caubói cavalga pelo asfalto com as formas de um gênero passado, o faroeste, para confrontar criaturas que não envelhecem: não são velhos ou novos, ou são os dois.

O sangue alimenta e salva. Caleb vive entre a ordem e o instinto, entre as regras do pai e da pequena irmã (sua família à moda antiga) e a libertinagem da garota que oferece seu sangue para alimentá-lo, para seguir pela noite em baladas e matanças.

Filme moderno, estranho, no qual a luz do sol, em momentos, surge rápida e, por isso, mais parece defeito de realização. Ainda assim, Bigelow e sua equipe são facilmente perdoadas. A grandeza da obra está na maneira como a diretora faz o público trafegar entre lados – entre luz e escuridão – sem que seja fácil amar ou odiar qualquer um deles.



Para mais dicas, acesse nosso canal: https://www.youtube.com/c/MelhordoCinemaporBelasArtesaLACARTE



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