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Eu me Chamo Elizabeth | Jean-Pierre Améris | França | 2006

Atualizado: 16 de abr. de 2020

“Eu me Chamo Elizabeth” (França, 2006), de Jean-Pierre Améris, é um cult que se passa na década de 40, no interior da França, uma maravilhosa história adaptada de um livro escrito pela atriz Anne Wiazemsky, que participou de filmes famosos como "A Grande Testemunha", de Robert Bresson, "A Chinesa", de Godard, e "Teorema", de Pasolini. Segundo a ótima crítica do Cineclick, o filme “apesar de ser protagonizado por uma criança, de imaturo não tem nada, principalmente por encarar de frente os medos e os problemas que a protagonista encontra em seu caminho”. Leia abaixo o texto completo.



Crítica


À primeira vista, Eu Me Chamo Elisabeth parece ser um filme doce e suave, mais ou menos como a produção conterrânea O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001). No entanto, a doçura da produção acaba tão abruptamente quanto as fantasias infantis da protagonista, que se encontra inserida num ambiente permeado por complexos problemas adultos, como a loucura e a diluição familiar. Nos anos 40, a adorável Betty (Alba Gaïa Kraghede Bellugi) é uma menina de dez anos que vive numa pequena cidade francesa com os pais, Régis (Stéphane Freiss) e Mado (Maria de Medeiros), e a irmã mais velha, Agnès (Lauriane Sire), sua única amiga. A família mora numa grande propriedade ao lado de uma clínica psiquiátrica, dirigida pelo patriarca. Um dos pacientes é Rose (Yolande Moreau, que, coincidentemente, esteve no filme de 2001 citado no parágrafo anterior), uma mulher com traumas por conta de acontecimentos durante a Segunda Guerra Mundial. Betty também não tem muitos amigos na escola e tenta uma aproximação com o novo colega de sala. Mesmo assim, se sente extremamente sozinha, especialmente quando as férias terminam e Agnès volta à cidade para freqüentar as aulas. Até que Yvon (Benjamin Ramon) aparece na vida da protagonista. Fugitivo da clínica vizinha, tem sérios problemas mentais. Mesmo assim, Betty o esconde numa cabana no quintal de sua casa na esperança de tê-lo como seu amigo. A fotografia de Eu Me Chamo Elisabeth alterna momentos sombrios às cores quentes, especialmente o vermelho, bem como a direção de arte, repleta de elementos nessa coloração e na verde. Essas oscilações visuais traduzem a realidade da protagonista: ao mesmo tempo em que enxerga as cores de sua vida infantil, Betty está sempre em contato com temas adultos, principalmente por se encontrar sozinha no meio de um grupo de pessoas problemáticas. Por isso, ela tem medo do escuro, de trovões, de fantasmas e também de ficar sozinha e louca. Isso aos dez anos. O drama em Eu Me Chamo Elisabeth é construído em volta da cruel realidade na qual a protagonista se encontra. A produção também é marcada pelo amadurecimento precoce da menina, que, ao se encontrar em meio a adultos tão problemáticos e complexos, deve aprender a superar seus medos para escapar da insanidade. Mesmo tendo momentos ternos (acho que poucas coisas são mais adoráveis do que crianças falando francês, confesso), Eu Me Chamo Elisabeth é um retrato belo e cruel sobre o amadurecimento. Nesse sentido, ele se equipara a Labirinto do Fauno, guardadas as devidas proporções, principalmente em se tratando da proposta de cada um. Apesar de ser protagonizado por uma criança, de imaturo não tem nada, principalmente por encarar de frente os medos e os problemas que a protagonista encontra em seu caminho.


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