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De Quem É o Sutiã? | Veit Helmer | Azerbaijão | 2018

Dirigido pelo alemão Veit Helmer, “De Quem É o Sutiã?” (Azerbaijão, 2018) é um filme diferente de tudo que você já viu no cinema. Diferente, lindo, divertido e poético. Numa antiga vila, em Baku, capital do Azerbaijão, as mulheres costumam colocar roupas para secar em varais próximos à linha do trem. Um dia, um lindo sutiã azul fica enroscado na cabine do trem guiado por Nurlan, um solitário maquinista. Agora ele tem como missão encontrar a dona da peça para poder devolvê-la. Lindo, colorido e esvoaçante, "De Quem é o Sutiã?" é um filme que "nos conquista em seus primeiros minutos", como diz o crítico Sérgio Alpendre na ótima crítica publicada no jornal Folha de S. Paulo, que você pode ler logo abaixo, na íntegra.



Filme 'De Quem é o Sutiã?' nos conquista em seus primeiros minutos


No último terço, o longa ameaça perder o interesse, e mesmo a presença no elenco de Paz Vega não ajuda a evitar essa impressão

Sérgio Alpendre

DE QUEM É O SUTIÃ?


Classificação 14 anos

Elenco Predrag "Miki" Manojlovic, Denis Lavant, Paz Vega

Produção Alemanha/Azerbaijão, 2018

Direção Veit Helmer


Realizado por um alemão, ambientado no Azerbaijão, com atores principais vindos da França, da Espanha, da Sérvia e da Rússia, "De Quem é o Sutiã?" é uma autêntica produção europeia (ou da Eurásia).

Começamos por estranhar esse título escolhido pela distribuidora brasileira. No original, não é muito melhor: "The Bra" (ou seja, "O Sutiã"). O que nos espera? Uma comédia popular em que o vulgar predomina?

Com as primeiras imagens, porém, surge a surpresa. Um trem passa apertado por um bairro pobre de uma região montanhosa. Um menino sopra um apito para que todos os moradores tirem as roupas dos varais colocados sobre os trilhos, e removam também as mesas onde jogam dominó ou algo parecido.

Não são imagens que vemos comumente no cinema, nem mesmo no japonês, que tanto filmou viagens de trem.

Sabemos, então, estar diante de um filme invulgar, que já nos conquista em seus primeiros minutos.

Para driblar a dificuldade linguística, o longa não tem diálogos. Ou seja, seu diretor, Veit Helmer, teve de se esforçar para narrar a história somente com imagens, o que pode ser um exercício interessante nestes tempos em que os filmes precisam entregar enredos mastigados para o público.

A trama é pueril. Numa dessas passagens do trem, o maquinista vivido pelo sérvio Miki Manojlovic (de "Underground – Mentiras de Guerra", grande filme de Kusturica) percebe que um sutiã ficou preso na dianteira do veículo, e passa a percorrer as casas para descobrir a dona do acessório, numa releitura um tanto anacrônica da história de Cinderela.

Falando em anacronismo, "De Quem é o Sutiã?" lembra o cinema europeu dos anos 1980, começo dos anos 1990, na linha do poético "O Ilusionista", de Jos Stelling. O lado ruim disso é que por vezes sente-se também um ligeiro parentesco com filmes como "Delicatessen", de Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet. É o risco do referencial.

Com seus 90 minutos de duração, sente-se ainda o peso da repetição no último terço, quando o filme ameaça perder o interesse. A presença no elenco de Paz Vega (atriz que inexplicavelmente não atingiu o patamar de uma Penélope Cruz) e Denis Lavant (ator-fetiche de Leos Carax) não ajuda a evitar essa impressão de queda.

As imagens iniciais, contudo, ficam conosco muito depois da projeção, e de certo modo a opção de ressaltar a força da narrativa puramente visual é simpática e mantém a impressão positiva no balanço final.



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