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Boneca Inflável | Hirokazu Kore-eda | Japão | 2009 |

"Boneca Inflável"(Japão, 2009) teve enorme repercussão no Festival de Cannes, no qual foi apresentado dentro da mostra Un Certain Regard. O diretor japonês é um dos maiores nomes do cinema contemporâneo, presença frequente na competição do Festival de Cannes, de onde já saiu três vezes premiado. Ele, aliás, levou o Japão a concorrer ao Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro com "Assunto de Família". Segundo Bruno Yutaka Saito, que classificou o filme como ótimo na crítica para a Folha de S. Paulo, “’Boneca Inflável’ nos sugere que, após tanto consumismo desenfreado, resta apenas o vazio. Não há substitutos para a falta de uma essência”. Leia abaixo a crítica completa.


Em bela parábola, japonês Kore-eda retrata vidas vazias

BRUNO YUTAKA SAITO EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA Não apenas como potência cinematográfica, mas também econômica, o Japão já viveu dias mais gloriosos. Isso ajuda a explicar por que os (poucos) títulos do país que chegam ao Brasil são tomados por um melancólico clima de ressaca. Os filmes de Hirokazu Kore-eda se enquadram nessa categoria. A cada filme, o diretor retoma questões básicas, típicas da infância, mas nunca respondidas e sempre incômodas. "O que é importante na vida?" e "o que levamos daqui?" são algumas de suas perguntas recorrentes. Em "Air Doll" (Boneca de ar), inspirado em um mangá, Kore-eda segue com dúvidas semelhantes, mas numa via humanista, com um olhar afetuoso sobre os sofridos personagens, nunca caindo no cinema de auto-ajuda e suas respostas fáceis. Nozomi é uma boneca inflável, espécie de Pinóquio sexual. Hideo, o dono, é um solitário garçom de meia-idade e a trata como uma pessoa de verdade. Janta e conversa com ela, faz passeios. Mas, em determinado momento, Nozomi ganha vida. E, quando o dono não está por perto, ela sai pelas ruas de Tóquio para tentar entender o mundo e, principalmente, saber o que significa ter um coração, ser humano. Kore-eda buscou explicitar seus temas na própria estrutura do filme. Em vários momentos, o apuro estético e a extensão de determinadas sequências nos levam a crer que o cineasta perdeu a mão, optando por um cinema maneirista e apenas "belo". Kore-eda, no entanto, está falando de vidas vazias, seja o interior cheio de ar de uma boneca inflável, seja de pessoas infelizes que buscam a silhueta perfeita ou um sentido mínimo para a existência. Nozumi, substituta para carências afetivas, vai trabalhar numa videolocadora. Por ali, ela irá aprender o que é a vida por meio do cinema, a arte da representação do real. "Air Doll" nos sugere que, após tanto consumismo desenfreado, resta apenas o vazio. Não há substitutos para a falta de uma essência. AIR DOLL DIREÇÃO Hirokazu Kore-eda QUANDO hoje, às 22h, no Unibanco Arteplex CLASSIFICAÇÃO 18 anos AVALIAÇÃO ótimo




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